O Evang. Segundo o Espiritismo

O Evang. Segundo o Espiritismo

Com o lançamento d’O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec e a Falange de espíritos comunicantes estabelecem o compromisso indissolúvel da Doutrina Espírita com a Doutrina do Cristo; inserindo-a no contexto contemporâneo, no âmbito da cultura ocidental, como herdeira moral e histórica da segunda.
O Espiritismo, sendo uma doutrina em formação, adotou explicitamente, n’O Evangelho segundo o Espiritismo, uma moral já estabelecida e milenar: o Cristianismo – e, por isso, este livro provocou dissensões no movimento inicial e Kardec foi criticado como místico ou precipitado.

O título: O Evangelho segundo o Espiritismo é uma referência ao Cristianismo Primitivo, quando surgiram os Evangelhos segundo a tradição atribuída a apóstolos ou discípulos eminentes. Segundo o Espiritismo estabelece que este livro não é conseqüência de um ensino particular, mas de uma coletividade (os espíritos manifestantes através da mediunidade).

Introdução: justificando o título do livro, Kardec apresenta o método de investigação espírita, apresentando a AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPIRITA como conseqüência do CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS.
Ao apresentar o Espiritismo, nítido movimento da espiritualidade no mundo ocidental, como herdeiro do Cristianismo, demonstra as coincidências doutrinárias entre Espiritismo, Cristianismo e  os ensinos de dois filósofos fundamentais da cultura greco-romana em SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO.

Premissas (princípios ou teorias que servem de base a um raciocínio): O Espiritismo, em relação ao Cristianismo, está em posição semelhante a que Jesus esteve em relação ao Judaísmo: NÃO VEIO DESTRUIR A LEI, mas dar-lhe seguimento e desenvolvimento.
São apresentados três princípios básicos do Espiritismo como pertencentes também à doutrina do Cristo:

  1. A eternidade ou sobrevivência do Espírito em MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO;
  2. A  pluralidade e diversidade dos mundos habitados e da erraticidade em HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI;
  3. A pluralidade das existências ou reencarnações em NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO.

Como estamos e como podemos sair? -  ideal a atingir: Utilizando o Sermão da Montanha – mais importante discurso de Jesus registrado nos evangelhos, Kardec  e a Falange de espíritos comunicantes:
1) Diagnosticam o estado moral atual da Terra como Mundo de Provas e Expiações no capítulo mais longo do livro. Dirigindo-se aos AFLITOS da Humanidade, identifica as origens deste sofrimento, do suicídio e da loucura (ansiedade, melancolia), mas lembra que só serão BEM-AVENTURADOS aqueles que souberem sofrer com resignação.

2) Dirigindo-se ainda aos aflitos, é apresentado O CRISTO CONSOLADOR no capítulo que talvez seja o mais importante do livro no aspecto autoral: o Espírito da Verdade busca consolar e convencer aos necessitados que o jugo pedido por Jesus é leve.

3) Utilizando o Sermão da Montanha como plataforma de partida, é proposto o desenvolvimento das faculdades morais do Espírito que nos garantiriam a felicidade futura como um processo de auto-educação. A seqüência dos capítulos nos sugere uma ordem progressiva das virtudes mais básicas às mais complexas:

  1. HUMILDADE em Bem-aventurados os pobres de espírito
  2. PUREZA DE CORAÇÃO como conduta de tolerância e simplicidade (conseqüências naturais da humildade) que curarão o Espírito das suscetibilidades à mágoa, ao rancor e à maledicência.
  3. MANSUETUDE E PACIFICIDADE – a afabilidade, a doçura e a paciência.
  4. MISERICÓRDIA – a indulgência; a busca ativa da reconciliação com o inimigo como o sacrifício mais agradável a Deus.
  5. CARIDADE: como exercício pleno do amor e das virtudes previamente descritas em seus aspectos:
    1. íntimo, psicológico: AMAR AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO
    2. radical em experiências limítrofes: AMAR OS VOSSOS INIMIGOS
    3. familiar: HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE
    4. social: a beneficência, a piedade, a promoção social e cultural e a preponderância dos princípios morais sobre os princípios econômicos nos capítulos QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA e SERVIR A DEUS E A MAMON.
    5. salvacionista e igualitário perante Deus: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Em SEDE PERFEITOS, encerrando o projeto de auto-desenvolvimento, Kardec e a Falange dos espíritos comunicantes convidam o leitor à perfeição, como uma meta viável e próxima, estabelecendo as características de todo homem de bem, pormenorizando o comportamento dos bons espíritas; e conciliando a busca da perfeição com uma atitude alegre e sociável nos itens O homem no mundo e Cuidar do corpo e do espírito.

Nossas dificuldades (pessoais): situa este esforço pessoal de cada dentro do contexto da Terra; falando de nós como TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA – sendo urgente nossa tomada de postura devido às mudanças morais pelas quais o planeta passa – e reconhecendo A porta estreita que teremos que atravessar por estarmos ainda em um mundo de provas e expiações, o que exige perseverança de nossa parte, porque MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS.
Mas diz também de nossa intensa potencialidade, como possuidores de uma FÉ (humana ou divina) QUE TRANSPORTA MONTANHAS. A fé – mãe da caridade.

Nossas dificuldades (sociais e enquanto movimento espiritual): FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS, incluindo espíritos fascinadores, e a necessidade do bom-senso e do exercício da crítica e do discernimento. NÃO SEPARAR O QUE DEUS JUNTOU, respeitando a felicidade do próximo e suas escolhas, mas exercitando também a compreensão diante das dificuldades afetivas e de afinidade.
Independente das dificuldades que tenhamos, jamais deixemos A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE, pois será bem-aventurado aquele que carregar sua cruz sem esmorecer, cumprindo sua sua missão simultaneamente.

Nossas dificuldades (pessoais e sociais) perante a doutrina revolucionária e dialética (complexa em sua simplicidade) de Jesus, exigindo de nós um salto qualitativo de compreensão para entendermos a essência de seus ensinamentos que nos soem como MORAL ESTRANHA.

Nossa diretriz:  Após discorrer sobre uma evolução que é individual e pessoal e sobre as dificuldades  e responsabilidades que serão encontradas, Kardec e os espíritos comunicantes terminam o livro com o bálsamo da prece, discorrendo sobre a Onipresença e Previdência Divinas; este Deus, que é Pai Amoroso, não exige intermediação para que nos dirijamos a Ele.
Nestes capítulos finais, procura-se livrar o homem de toda dependência anteriormente estabelecida quanto à ligação com Deus.
BUSCAI E ACHAREIS mostra a providência divina para com nossas necessidades e pede para que não nos cansemos pelo ouro. Mostra, ainda, que a prática do bem e a busca do aprimoramento através do esforço pessoal também é uma forma de prece constante.
DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA  RECEBER: é um manifesto espírita a estabelecer como pedra fundamental da conduta espírita o exercício gratuito da mediunidade.
PEDI E OBTEREIS fala sobre a prece como algo comum, simples, experiência mística para todos como sintonia de amor em pensamento. Orar em espírito.
E termina o livro em prece e oração por todos que necessitam e sofrem: COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS.

 

A Boa Nova do Evangelho Segundo o Espiritismo
(Uma análise de sua estrutura e intencionalidade)

O grupo de palestrantes da USE-Ribeirão Preto termina, neste mês, o programa de estudo sistematizado da estrutura e organização de conteúdos d’O Evangelho segundo o Espiritismo em busca da intenção e motivações que estimularam Kardec e a Falange do Espírito da Verdade a escrevê-lo.
Surpreendentemente, para muitos de então, Kardec e os Espíritos da Codificação adotaram explicitamente, n’O Evangelho segundo o Espiritismo, uma moral já estabelecida e milenar – o  Cristianismo – em um momento em que a Doutrina Espírita ainda estava em fase de consolidação de suas próprias bases doutrinárias. Por isso, este livro é um divisor de águas no movimento espírita nascente, provocando dissensões e críticas a Kardec, considerado místico e precipitado por vários companheiros.
O título O Evangelho segundo o Espiritismo é uma referência ao Cristianismo Primitivo, quando surgiram os Evangelhos segundo a tradição atribuída a apóstolos ou discípulos eminentes. Segundo o Espiritismo estabelece que este livro não é conseqüência de um ensino particular, mas de uma coletividade (os espíritos manifestantes através da mediunidade).
Para explicar como o livro pode afirmar-se possuidor da opinião de uma coletividade, Kardec descreve, na Introdução, o método de investigação espírita, correlacionando, inclusive, a AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPIRITA com o respeito ao princípio científico de CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS.
Ao apresentar o Espiritismo, nítido movimento da espiritualidade no mundo ocidental, como herdeiro do Cristianismo          (originado dos ensinos de um mestre oriental – Jesus), Kardec estabelece previamente os vínculos destas duas doutrinas com os primórdios da cultura greco-romana (fonte hegemônica de todas as culturas européias), demonstrando as coincidências doutrinárias entre Espiritismo, Cristianismo e  os ensinos de dois filósofos fundamentais do mundo ocidental: SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO.
O livro inicia-se com uma proposição corajosa: o Espiritismo é o consolador prometido por Jesus e está relacionada à doutrina do Cristo, assim como esta esteve em relação ao Judaísmo – veio cumprir suas promessas, dar-lhe seguimento e (o ponto mais polêmico)  desenvolver seus princípios e idéias. NÃO VEIO DESTRUIR A LEI, mas responder a um desafio essencial da modernidade: aliar ciência e religião.
Nos três capítulos seguintes, demonstrando o quanto o Espiritismo é cristão, são destacadas passagens dos Evangelhos que ratificam três princípios básicos da Doutrina Espírita vistos como “corpos estranhos” pelo movimento cristão atual: 1) A eternidade ou sobrevivência do Espírito em MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO; 2) A  pluralidade e diversidade dos mundos habitados e da erraticidade em HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI; 3) A pluralidade das existências ou reencarnações sucessivas  em NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO.
Após a exposição destas premissas básicas, Kardec  e a Falange de espíritos comunicantes utilizam o Sermão da Montanha como ponto de partida para um diagnóstico franco do estado moral atual da Terra. No capítulo mais longo do livro, detalham a natureza deste mundo de provas e expiações, identificam as causas imediatas e as transcendentes dos sofrimentos; trazendo alento aos que experimentam ideações suicidas, loucura ou a melancolia – crises existenciais da contemporaneidade. Mas lembram, também, que só serão AFLITOS BEM-AVENTURADOS aqueles que souberem sofrer com resignação, para, em seguida, dar-se voz ao CRISTO CONSOLADOR, personificado na figura espiritual do Espírito da Verdade, que assina todas as mensagens daquele que é o mais importante capítulo do livro no aspecto autoral. Com uma postura cativante de intimidade e compaixão, o  Espírito da Verdade diz aos “pobres deserdados” que “chorem, porque a dor estava presente no Jardim das Oliveiras”, mas “que elevem sua resignação ao nível de suas provas”, mostrando aos necessitados e aflitos que o jugo pedido por Jesus é leve.
Retomando o Sermão da Montanha, é proposto um programa de desenvolvimento das faculdades morais do Ser com destino à perfeição e à felicidade, cuja seqüência de capítulos sugere a ordem progressiva de virtudes - das mais básicas às mais complexas: HUMILDADE; PUREZA DE CORAÇÃO, como conduta de tolerância e simplicidade (conseqüências naturais da humildade) que curarão o Espírito das suscetibilidades à mágoa, ao rancor e à maledicência; MANSUETUDE E PACIFICIDADE – a afabilidade, a doçura e a paciência; MISERICÓRDIA – a indulgência, a busca ativa da reconciliação com o inimigo como o sacrifício mais agradável a Deus. Para chegar, por fim, à CARIDADE, como exercício pleno do amor e das demais virtudes, descrita como experiência individual (AMAR AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO); radical ou limítrofe (AMAR OS VOSSOS INIMIGOS); familiar (HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE); social (beneficência, piedade, promoção social e cultural, ascendência dos princípios morais sobre os princípios econômicos nos capítulos QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA e SERVIR A DEUS E A MAMON); salvacionista e igualitário perante Deus (FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO).
Encerrando a proposta de auto-educação, Kardec e a Falange da Verdade convidam o leitor à perfeição (SEDE PERFEITOS (!)), como uma meta viável e próxima, estabelecendo as características do homem de bem, pormenorizando o comportamento dos bons espíritas; e reconciliando a busca da perfeição com uma atitude alegre e sociável do homem no mundo.
Após a explanação deste projeto para a felicidade, as dificuldades são explicitadas:  A) dificuldades pessoais dentro do contexto terreno, falando de nós como TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA – sendo urgente a tomada de postura devido às mudanças pelas quais o planeta passa, reconhecendo A porta estreita que teremos que atravessar por estarmos ainda em um mundo de provas e expiações – o que exige perseverança e faz com que serão MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS; B) dificuldades sociais, onde FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS, incluindo espíritos fascinadores, poderão confundir nossa vontade, sendo necessário o exercício da crítica e do discernimento, mas também da compreensão perante as dificuldades afetivas no mundo, para NÃO SEPARAR(mos) O QUE DEUS JUNTOU, respeitando a felicidade do próximo e suas escolhas: C) dificuldades pessoais e sociais diante da doutrina revolucionária e dialética (complexa em sua simplicidade) de Jesus, que exige de nós um salto qualitativo de consciência para entendermos a essência de ensinamentos que nos soem como MORAL ESTRANHA.
Em meio a esta muralha de obstáculos, os autores não se esquecem de nossas potencialidades: somos possuidores de uma FÉ (humana ou divina) QUE TRANSPORTA MONTANHAS; a fé – mãe da caridade.
Em NÃO POR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE, o leitor é lembrado que, apesar das dificuldades, será bem-aventurado aquele que carregar sua cruz sem esmorecer, cumprindo sua  missão simultaneamente.
Nos capítulos finais, procura-se livrar o homem de toda dependência anteriormente estabelecida quanto à ligação com Deus, mostrando que este Pai Amoroso não exige intermediação para atender aos nossos pedidos. BUSCAI E ACHAREIS  mostra a providência divina para com nossas necessidades, pedindo para que “não nos cansemos pelo ouro” e salientando que a prática do bem e o esforço pessoal pela sublimação também são formas de prece. DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA  RECEBER é um manifesto espírita em defesa do exercício gratuito da mediunidade. PEDI E OBTEREIS fala da prece como algo simples, uma sintonia de amor em pensamento, uma experiência mística para todos. Orar em espírito.
O livro termina em prece e oração por todos que necessitam e sofrem: COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS.

 

O Evangelho segundo o Espiritismo
3 - Prefácio

O prefácio é uma das coisas mais belas e puras do amor de Deus para com as suas criaturas. É um convite. É um esclarecimento. É uma aproximação.

Kardec optou em colocar como prefácio do Evangelho segundo o Espiritismo, uma instrução transmitida por via mediúnica, comentando em nota: “Resume ao mesmo tempo o caráter do Espiritismo e o objetivo desta obra”. É um chamamento para que todos nós trabalhando o nosso eu caminhemos mais rapidamente em direção ao Reino de Deus, fazendo a sua vontade, ou seja, cumprindo as suas Leis.
Ela é assinada pelo Espírito da Verdade, que como sabemos designa uma plêiade de Espíritos Superiores, coordenados por Jesus, cooperando no progresso da Humanidade Terrena. Nesta instrução denominam-se de Espíritos do Senhor, e esclarecem, que são as Virtudes do Céu.

A “Escala Espírita”, inserida no Livro dos Espíritos, que começa no item 100, nos fala dos Espíritos superiores, anjos ou Espíritos puros, que se distinguem pela perfeição, pelos conhecimentos e pela proximidade de Deus, pela pureza de sentimentos e o amor do bem. Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições que é suscetível à criatura, não tem mais provas nem expiações a sofrer. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que desfrutam no seio de Deus.
São os Mensageiros e os Ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os espíritos que lhe são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões.

Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes do Céu, são pois os espíritos puros, que vivem a vida plena do Espírito e trabalham como colaboradores de Deus. Já fizeram o seu desenvolvimento intelectual e moral, no maior grau possível permitido pelo Criador, em mundos materiais, através de sucessivas reencarnações, passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita.
É importante lembrar que ao estudar a Doutrina Espírita compreendemos que todos nós somos perfectíveis, trazemos um potencial divino, a ser trabalhado, desenvolvido, lapidado e que temos condições de chegar à categoria de Espíritos puros.

“Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.”

Jesus preparou a regeneração da Humanidade, colocou os marcos da revelação futura, assegurando a todos o direito de participar do “Reino de Deus”, isto é, da luz e da verdade.
Com o passar dos tempos os homens não mais souberam discernir e interpretar a verdade, pois ficaram reduzidos às suas próprias inspirações e a todos os sopros das paixões. O pensamento de Jesus ficou oculto. As trevas são as obscuridades em que o trabalho dos séculos envolveu a Doutrina de Jesus.

“ Mas, depois de séculos de silêncio, o mundo invisível se descerra; ilumina-se, agita-se até as suas maiores profundezas. As legiões do Cristo e o próprio Cristo estão em atividade. Soou a hora da nova revelação. Surge o Espiritismo, que se levanta com o feixe de suas descobertas, com a multidão de seus testemunhos, com o ensino dos Espíritos”.
A nova revelação resgata a doutrina de Jesus. Livre de qualquer forma material, manifesta-se diretamente à Humanidade, cuja evolução intelectual tornou-se apta para abordar os altos problemas do destino. Por sobre todo o globo, percorrendo todas as regiões, espalha-se a grande voz que convida o Homem a meditar em Deus e na vida futura e a conhecer as leis que a regem.

“As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do Céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho”.

O Espiritismo nos dá o meio de realizar o ideal de paz e de harmonia que todos almejamos. Por que só uma fé viva, uma crença forte, que une as almas, será capaz de preparar a harmonia universal. Ao seu influxo todas as grandes verdades se restabelecem. Estas verdades emergem da obscuridade dos tempos, para desempenhar a tarefa que o pensamento divino lhes assinala.

“Das profundezas estreladas baixam à Terra legiões de Espíritos, para empenhar o combate da luz contra as trevas. Já não são os homens, já não são os sábios, os filósofos que lançam uma nova doutrina. São os gênios do espaço que vem até nós e nos sopram ao pensamento os ensinos destinados a regenerar o mundo”. São os espíritos de Deus que estão ao nosso lado, associam-se aos nossos trabalhos, lutam ao nosso lado pelo resgate e ascensão das nossas almas.
Que estejamos a postos, se queremos executar a parte que nos compete, a que Deus oferece a todos os que amam e servem à verdade.
Amemo-nos uns aos outros, e dizendo do fundo do coração Senhor! Senhor!, Fazendo a vontade do Pai que está no Céu e poderemos entrar no seu Reino.

Referências Bibliográficas:

Kardec, A., O Evangelho segundo O Espiritismo – Lake
Kardec, A., O Livro dos Espíritos - Lake
Kardec, A., Obras Póstumas – Lake
Denis, L., Cristianismo e Espiritismo - Feb

 

O Evangelho segundo o Espiritismo
4 – Objetivo desta Obra

 

Kardec quando escreveu o Evangelho segundo o Espiritismo teve a preocupação de esclarecer aos leitores da necessidade de fazê-lo, pois todo o livro foi baseado nos ensinos de Jesus, conhecido por todos, sendo cantado, falado e interpretado há séculos.
Por isso, após o prefácio, introduziu este item: Objetivo desta obra, nos esclarecendo que ela está toda focada no ensino moral.
O ensino moral é um código divino, é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da vida particular como da pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça. Além disso, este código divino nos indica o caminho da paz e da felicidade que todos almejamos pois nos fala da vida futura.
Com o estudo e as análises que Kardec fez sobre a vida e os ensinos de Jesus ele concluiu que os materiais contidos nos Evangelhos podem ser divididos em 5 (cinco) partes:
1 - Os atos comuns da v ida do Cristo.
2 – Os milagres.
3 – As profecias.
4 – As palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja.
5 – O ensino moral.
Kardec concluiu que se as quatro primeiras partes sempre foram objeto de discussões, a última permanece inatacável, pois expressa as leis do Universo, dizendo ao Homem como ele deve relacionar-se consigo mesmo, com o próximo e com o Criador. Observou que poucos compreendiam a moral de Jesus e menos ainda sabiam perceber-lhe as conseqüências, apesar de admirá-la, acharem-na muito sublime, falarem da necessidade de vivenciá-la. Concluiu que grande parte desta dificuldade é pela forma alegórica em que se apresenta, o misticismo intencional da linguagem “Os preceitos de moral, espalhados no texto, misturados com narrativas, passam desapercebidos. Torna-se impossível apreender o conjunto e fazê-los objeto de leitura e meditação separadas”.
Reuniu no Evangelho Segundo o Espiritismo os trechos do evangelho que constituem um código de moral universal, aqueles de utilidade ao desenvolvimento do pensamento. Não se prendeu a uma ordem cronológica impossível e sem utilidade. Agrupou e distribuiu as máximas de Jesus segundo a sua natureza de uma forma metódica para que umas fossem deduzidas das outras, tanto quanto possível. “A indicação dos números de ordem dos capítulos e dos versículos permite recorrer à classificação comum, caso se julgue conveniente”.
Completou cada comentário seu a respeito dos ensinamentos de Jesus com algumas instruções escolhidas entre as que foram ditadas pelos Espíritos em diversos países através de diferentes médiuns. Aqui é importante ressaltar a nota de Kardec nos informando porque deixou de citar o nome dos médiuns nas instruções recebidas, “por seus próprios pedidos e porque seus nomes não acrescentariam nenhum valor a obra dos Espíritos”.
O Espiritismo com os seus princípios básicos: existência de Deus, preexistência e imortalidade do Espírito, reencarnação, comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, pluralidade dos mundos habitados, nos esclarece muitas passagens do Evangelho, da Bíblia e dos autores sagrados; passagens estas que sem esses princípios, não seriam compreendidas e nem entendidas no seu verdadeiro sentido.
O Codificador desentranhou o ensinamento de Jesus e dos evangelistas das fórmulas que os séculos lhe submeteram a exame, clareando as recomendações e definindo as normas, com que traçou a orientação espírita, desenvolvendo lições e constituindo diretrizes.
O Evangelho, a maior mensagem descida dos Céus à Terra, consubstancia as mais altas diretrizes para a sublimação do espírito, dignificando a vida e iluminando o coração. A sua luz nos descerra o caminho à sublimação espiritual integrando-nos na responsabilidade de viver.
O Evangelho segundo o Espiritismo é para ser lido, meditado, estudado, para ser colocado em prática na vida do dia a dia, nas diferentes situações a que formos convocados.
É livro de cabeceira. Está ao alcance de todos. Foi escrito em uma linguagem simples, acessível. Explica todas as passagens obscuras e desenvolve todas as suas conseqüências.
Na atualidade, quando o nosso orbe querido vive as tormentosas experiências que procedem, via de regra, as grandes transições, o enaltecimento da figura do Cristo, a divulgação do seu Evangelho e a prática dos seus ensinos representam imperativo inadiável. Nada é mais atual do que a necessidade do Evangelho de Jesus no coração humano.
“Sejamos, assim, valorosos, estendendo a Doutrina Espírita que o desentranha da letra, na construção da Humanidade Nova, irradiando a influência e a inspiração do Divino Mestre, pela emoção e pela idéia, pela diretriz e pela conduta, pela palavra e pelo exemplo e, parafraseando o conceito inolvidável de Allan Kardec, em torno da caridade, proclamemos aos problemas do mundo: “ Fora do Cristo não há solução”. (Bezerra de Menezes, item 1, do livro “O Espírito da Verdade”–F.C.X.).

Referências Bibliográficas:

Kardec, A., O Evangelho segundo O Espiritismo – Lake
Autores diversos ( F.C.X./W.V.) – O Espírito da Verdade - Feb
Emmanuel/André L. ( F.C.X./W.V.) – Opinião Espírita - Cec

 

Fonte: http://www.userp.org.br/livro_oevangelho.asp